sábado, outubro 28, 2006
Mapa de Anatomia: O Olho
O Olho é uma espécio de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globo brilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas:
algas, sargaços,miniaturas marinhas,
areias, rochas, naufrágios e peixes de ouro.
Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagens do mundo,
outras são inventadas.
O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no Olho, lágrimas.
(Cecília Meireles)
Saudadinhas, princesa...
sexta-feira, outubro 20, 2006
Aos meus amores....
Filhos...Filhos ?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo ?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos !
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica !
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos ?Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o !
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los ?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca !
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são !
Vinicius de Moraes
quinta-feira, outubro 19, 2006
segunda-feira, outubro 16, 2006
e pu-lo no chão,
a vê-lo correr
da imaginação...
A seguir, tirei do bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi
um tapete de flores
a concebê-las. Depois, encostado à mesa,
tirei da boca um pássaro a cantar
e enfeitei com ele a Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.
E agora aqui estou a ouvir
A melodia sem contorno
Deste acaso de existir
-onde só procuro a Beleza
para me iludir
dum destino.
sexta-feira, outubro 13, 2006
"A origem do beijo Teorias há várias, mas alguns especialistas avançam com explicações, que remontam à Pré-História. O beijo evoluiu do acto de cheirar o rosto de alguém, para o suave toque entre os lábios, sinal silencioso utilizado para sentir a identidade do outro. Para os povos primitivos, o ar quente expelido pela boca era entendido como a incorporação da alma. Assim, o beijo entre duas pessoas representava a forma de fundir duas almas.
O beijo no mundo"
Seja lá como for... Um grande beijo para quem partilha alma, coração, emoções e afectos, enfim, para todos os meus amigos...e para o meu amor.
sábado, outubro 07, 2006
e vivam as pontes...
A Fisga - Rio Grande
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Dó
Trago a fisga no bolso de trás
Sol
E na pasta o caderno dos deveres.
Mestre-escola, eu sei lá se sou capaz
Dó
De escolher o melhor dos dois saberes.
Dó
Meu pai diz que o Sol é que nos faz;
Fá
Minha mãe manda-me ler a lição
Sol
Mestre-escola, eu sei lá se sou capaz,
Dó
Faz-me falta ouvir outra opinião.
Lá- Mi Lá
Eu até nem sequer sou mau rapaz,
Mi Lá-
Com maneiras até sou bem mandado.
Ré- Sol
Mestre-escola diga lá se for capaz,
Dó
P'ra que lado é que me viro. P'ra que lado?
Trago a fisga no bolso de trás
E na pasta o caderno dos deveres.
Mestre-escola, eu sei lá se sou capaz
De escolher o melhor dos dois saberes.
"A escola
A escola é retractada com um lugar que acolhe a criança. Esta, idealmente tímida e com um vazio de conhecimentos, será transformada pelo mestre-escola, que lhe dará uma forma, um conjunto de conhecimentos e sobretudo de valores. Ou seja, a escola tem como objectivo moldar a criança. A criança deverá obedecer e cumprir os comportamentos e virtudes que lhe são transmitidos através dos textos, tais como a docilidade"
sexta-feira, outubro 06, 2006
Mulheres... de mim
A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.
A hora da partida soa quando
as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.
Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.
women
Li, algures, numa revista, há "séculos", quando o caos resumia a minha vida, este pequeno texto que se coaduna na perfeição a esta fotografia que contém as raizes da minha existência, pois : Aqui na terra, nas cidades ou nos campos, no Japão como em Trás os Montes, o caminho do heroísmo continua a ser um mapa de dor silenciosamente transmitida de mulher para mulher. Um mapa, inexplicável, como as grandes depressões que elas quase sempre acabam por vencer.
Salva-as o despudor de amar até ao fim, a frio, através da infernal lucidez da paixão...